O GRANDE CENTROAVANTE CÉSAR
Determinadas coincidências acompanham a carreira de
vários grandes e históricos atacantes do futebol brasileiro. César não foi
o primeiro e não será o último a carregar o estigma de “bad boy”.
Não é de
hoje que eles existem. Basta lembrar do grande Heleno de Freitas, do polêmico
Almir pernambuquinho ou ainda de Serginho Chulapa entre tantos outros.
Através dos tempos os “bad boy’s” sempre
fizeram sucesso com a galera, pois conseguem traduzir em palavras, gestos e
atitudes, nem sempre exemplares é verdade, o que o torcedor gostaria de fazer
se estivesse dentro de campo.
Assim,
lembramos do carioca de Niterói, César Augusto da Silva Lemos, nascido em 17 de
maio de 1945 e pertencente a uma família de artilheiros (seus irmãos são os ex-atacantes
Caio cambalhota e Luisinho Lemos).
Nos
primeiros anos da década de sessenta, Cesar jogava pelo juvenil do Canto do Rio
F.C da própria cidade de Niterói. Na época, Cesar convivia com um amigo chamado
Bandolim, o primeiro a acreditar em seu futebol.
Foi
Bandolim que levou Cesar para o C.R Flamengo e o apresentou ao técnico Walter
Miráglia. Naquele tempo, Cesar atuava como meia armador e já demonstrava
muita qualidade.
Passou a
ser convocado para selecionados da categoria juvenil e rapidamente chegou ao
elenco profissional, onde mais tarde integrou o grupo que foi campeão carioca
de 1965.
Em 1967 o
técnico Aimoré Moreira, que dirigia o Palmeiras, indicou sua contratação ao
presidente Pascoal Walter Byron Giuliano. O rubro-negro não era muito
disposto em abrir mão definitivamente do jogador. Foi uma negociação difícil
para os cartolas do Palestra Itália, que a princípio conseguiram sua liberação
somente por empréstimo.
Clássico entre Corinthians e
Palmeiras no estádio do Morumbi ainda em construção. O goleiro é Marcial, que
segura a bola frente ao atacante Cesar. A imagem pertence ao álbum de
figurinhas ARTILHEIROS e foi publicada no blog
futeboldebotaoantigo.blogspot.com.
Na temporada de 1967, Cesar já
atuava como centroavante e foi o principal artilheiro e campeão do torneio
Robertão daquele ano. O Palmeiras, satisfeito com o futebol do “maluco”
(apelido que carregou consigo durante quase toda a sua carreira), tentava sua
contratação em definitivo, mas esbarrava no alto preço fixado pelos cardeais do
Flamengo.
Cesar voltou ao Rio de Janeiro
por mais sete meses. Sentiu o esquecimento, a falta da fama e da glória que
havia conquistado no futebol paulista. Amargou a reserva de Silva.
Finalmente em 23 de julho de
1968, o rubro-negro negociou o passe de Cesar em definitivo com a S.E.
Palmeiras pela quantia de 360 mil cruzeiros. Assim, chegava ao fim o ciclo do
atacante com a camisa do Flamengo, onde atuou em 58 partidas (32
vitórias, 18 empates, 18 derrotas) e marcou 38 gols (fonte: Almanaque do Flamengo
– Clóvis Martins e Roberto Assaf).
Logo nas primeiras temporadas
caiu no gosto da torcida. César era brigador e talentoso ao mesmo tempo. Sem o
compreensivo entrosamento inicial, chegou a ser colocado a venda e por muito
pouco não voltou novamente ao Rio de Janeiro para jogar pelo Botafogo.
Mas essa desconfiança durou
pouco. Ao lado do atacante Artime naquela equipe comandada por Filpo Nuñes,
Cesar raramente perdia oportunidades de gol. Chutava e cabeceava muito bem,
sabia como proteger a bola usando muito bem os braços e o corpo.
Imprevisível… com seu jeito
hippie e catimbeiro, uma vasta cabeleira e a capacidade extraordinária de
colocar a bola para dentro do gol. Depois, fazia o que mais gostava: correr
para o alambrado.
Não dá para esquecer:
- Carregou
a bola do jogo para o vestiário quando foi substituído em uma partida contra o
Corinthians.
- Perseguiu
um gandula na final do campeonato paulista de 1971 contra o São Paulo no
Morumbi. Naquele ano, César foi o artilheiro do paulistão com 18 gols.
- A forma
de provocar os adversários antes de um clássico.
Em 1972, o atacante ofendeu
moralmente o árbitro Renato de Oliveira Braga e foi suspenso do futebol pelo
período de nove meses. Seu envolvimento em confusões e polêmicas lhe rendiam
suspensões, inclusive internamente.
Aliado a isso, os atrasos
constantes em treinos, duramente repreendidos por Oswaldo Brandão, fizeram com
que César fosse transformado em um problema dentro do Palmeiras. Seu desgaste
junto à diretoria fizeram com que Cesar fosse para o Corinthians em 1975.
Foram 324 partidas pela Sociedade
Esportiva Palmeiras, com 170 vitórias, 91 empates e 63 derrotas. Foi o segundo
maior artilheiro do Palmeiras com 180 gols. Fonte: Almanaque do Palmeiras –
Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti).
Foi outro grande colecionador de
títulos dentro da academia. César Maluco conquistou dois Campeonatos
Paulistas (1972 e 1974), dois Campeonatos Brasileiros (1972 e 1973), dois
torneios Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), uma Taça Brasil (1967), dois
Troféus Ramón de Carranza (1969 e 1974) além do vice campeonato da Taça
Libertadores da América de 1968.
Vibrei quando César chegou ao
Parque São Jorge junto com o meia Basílio. Realizou boas partidas naquele
período. Porém, apesar da grande identificação da torcida com sua característica
guerreira, ele parecia não sentir-se totalmente à vontade!
Nas partidas em que assisti o
“maluco” com a camisa do timão, era notória a sua participação apenas como um
“profissional”. Não existia aquele mesmo envolvimento que caracterizou
sua grande passagem pelo Palmeiras.
Depois de uma curta estadia na
Vila Belmiro, César voltou para o Rio de Janeiro e foi atuar pelo Fluminense.
Novamente, não reeditou suas antigas performances como nos tempos da camisa
verde. Atuou ainda pelo Botafogo da cidade de Ribeirão Preto/SP, pelo Rio
Negro (AM), Universidad Católica, do Chile e finalmente pelo Salonica, da
Grécia.
Com a camisa da seleção
brasileira, César esteve em algumas oportunidades ainda nos anos sessenta.
Convocado para a copa de 1974, não atuou em nenhuma partida durante a campanha
na Alemanha.
Pacaembu 1968, César contra Monteiro Castilho, Brasil x Uruguai.
Pacaembu 1968, gahando um rádio como melhor jogador da patida.
FONTE DAS IMAGENS E TEXTOS
Revista Placar
Revista Manchete Esportiva
Revista do Esporte
Revista Veja
Esporte.uol.com.br
Gazeta esportiva.net
Topicosestadao.com.br
Jogadoresdopalmeiras.blogspot.com.br
Radioglobo.globo.com
Globoesporte.globo.com,
Futeboldebotaoantigo.blogspot.com
Site do Milton Neves
Flamengo.com.br
Youtube.
Arquivo pessoal: Ribamar Cavalcante.
Professor Eudo Robson