domingo, 1 de janeiro de 2012

O GRANDE FLA X FLU DE 1969.

CAMPEONATO CARIOCA DE 1969

FLUMINENSE 3 X 2 FLAMENGO

( Em pé ) Oliveira, Félix , Galhardo, Denilson, Assis e Marco Antônio. Agachados:  Wilton, Lulinha, Flávio Minuano, Cláudio Garcia e Lula.

" CHEGA DE HUMILDADE "

( Nelson Rodrigues )


Flávio caído, atropela o goleiro Dominguez, Lula corre atrás da bola.
Amigos, a humildade acaba aqui. Desde ontem o Fluminense é o campeão da cidade. No maior Fla-Flu de todos os tempos, o tricolor conquistou a sua mais bela vitória. E foi também o grande dia do Estádio Mário Filho.
Arilson dá combate a Flávio no ataque do Fluminense.
 A massa “pó-de-arroz” teve o sentimento do triunfo. Aconteceu, então, o seguinte: — vivos e mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas. E, diante da platéia colossal, Fluminense e Flamengo fizeram uma dessas partidas imortais.
Wilton pela direita um perigo constante para o Flamengo.
Daqui a duzentos anos a cidade dirá, mordida de nostalgia: — “Aquele Fla-Flu!”. Ah, quem não esteve ontem no Estádio Mário Filho não viveu. E o Fluminense fez uma exibição perfeita, irretocável. Lutou com a alma indomável do campeão. 
Wilton marca o primeiro gol e corre para geral.
Ninguém conquista o título num único dia, numa única tarde. Não. Um título é todo sangue, todo suor e todo lágrimas de um campeonato inteiro.Acreditem: — o Fluminense começou a ser campeão muito antes. Sim, quando saiu do caos para a liderança. “Do caos para a liderança”, repito, foi a nossa viagem maravilhosa. 
O argentino Doval domina a bola diante de Assis.
Lembro-me do primeiro domingo em que ficamos sozinhos na ponta. As esquinas e os botecos faziam a piada cruel: — “Líder por uma semana”. Daí para a frente, o Fluminense era sempre o líder por uma semana.
O argentino parte com a bola e é perseguido por Marco Antônio.
Olhem para trás. Da rodada inaugural até ontem, não houve time mais regular, mais constante, de uma batida mais harmoniosa. Mas foi engraçado: — por muito tempo, ninguém acreditou no Fluminense, ninguém. 
O lateral Murilo mostra onde está o perigo.
E mais: — na sexta-feira, o presidente do Fluminense, Francisco Lapport, convidou para um almoço, em sua residência, a mim, ao Marcello Soares de Moura e ao Carlinhos Nasser. Ainda na mesa, e antes do cafezinho, baixou-nos o sentimento profético do título. 
Bola dividida no Fla x Flu, jogo pegado o tempo todo.
Um dia, Flávio veio de São Paulo. Era o ponta-de-lança mais esperado que um Moisés. Queríamos um goleador. E nunca mais se interrompeu a ascensão para o título.O curioso é que, há muito tempo, aqui mesmo desta coluna, fez-se o vaticínio de que o campeonato teria a sua decisão num Fla-Flu. 
Notem o desconsolo de Murilo e do goleiro Dominguez...
Duzentas mil pessoas atônitas morriam nas arquibancadas, gerais e cadeiras. E foi preciso que Flávio, o goleador do Fluminense, o goleador do campeonato, marcasse aquele que seria o gol da vitória, da doce e santa vitória. E o rubro-negro não empatou mais, nunca mais. Era a vitória, era o título.
... durante o primeiro gol do Fluminense, Onça procura o erro.
Foram autores de tal profecia, primeiro, o Celso Bulhões da Fonseca; em seguida, o Carlinhos Niemeyer, um e outro rubro-negros. O que ambos não sabiam é que já estava escrito há 6 mil anos que o campeão seria o Fluminense. 
O goleiro Dominguez se lesiona , é atendido dentro...
E vou citar um outro oráculo: o Haroldo Barbosa. Quando o tricolor parecia uma piada, o bom Haroldo piscou o olho para o Marcello Soares de Moura: — “Este é o ano do Fluminense!”. E do seu olhar vazava luz.
do campo, abalado é segurado pelo médico e pelo ...
Amigos, o que se viu ontem no Estádio Mário Filho foi espantoso. Primeiro, a tempestade de bandeiras, de pó-de-arroz, os pombos tricolores e rubro-negros.E que formidável partida! Houve, durante noventa minutos, um suspense mortal. 
zagueiro Reyes, o juiz Armando Marques se aproxima.
Pelo amor de Deus, não me venham dizer que, no segundo tempo, o Flamengo jogou com dez. O rubro-negro cresceu com a desvantagem numérica, lançou-se todo para a frente. Eram dez fanáticos dispostos a vencer ou perecer. O Flamengo teve ontem um dos grandes momentos de sua história.
Silva era sinal de perigo para defesa tricolor.
O Fluminense fez o primeiro gol e o Flamengo empatou. O Fluminense fez o segundo e o Flamengo mais uma vez empata. 
A defesa tricolor se compacta a cad ataque do Flamengo.
Agora a pergunta: — e o personagem da semana? Podia ser Cláudio, que fez uma exibição magistral e, inclusive, um gol. Podia ser Denílson, que volta a ser o “Rei Zulu” e um dos maiores jogadores brasileiros de defesa
Doval sempre bem marcado pela defesa tricolor.
Penso também em Galhardo, que, a princípio nervosíssimo, teve intervenções sensacionais. Podia ser também Telê, que, sóbrio, modesto, trouxe a equipe do caos para o título. Mas entendo que desta vez o personagem deve ser o time. 
                                      Liminha corre e vibra com o gol de empate, 1 x 1.
Do goleiro ao ponta-esquerda. Todos, todos mostraram uma alma, uma paixão, um ímpeto inexcedíveis.
Félix se abateu com o gol de empate, mas haveria muito mais.
Mas, dizia eu no começo que a nossa humildade pára aqui. Passamos toda a jornada com um passarinho em cada ombro e as duras e feias sandálias nos pés. 
Fio esbarra em Denílson, Oliveira e Doval olha a bola que foge.

 Doval não deu mleza a defesa do fluminense, marco Antõnio que o diga.

Cláudio Garcia passa pelo goleiro Domingues sob o olhar de Flávio... 


... e faz o segundo gol do Fluminense no fim do 1º tempo.

Mas o Fluminense é o campeão. Erguendo-me das cinzas da humildade, anuncio: — “Vamos tratar do bi”. ( Fim do texto de Nelson Rodrigues )





Doval está com a bola debaixo do braço, Armando expulsa Dominguez.


Galhardo , olhar tenso, comandou a defesa do Fluminense.
O jogo foi tumultuado. Após o segundo gol tricolor, marcado por Cláudio Garcia, que encontrava-se em possível impedimento, o goleiro rubro-negro Domingues partiu para cima do árbitro Armando Marques na tentativa de demovê-lo da marcação do gol. Acabou sendo expulso de campo.


Com menos um jogador, o ataque do Flamengo se desdobrou, Fio ...

... e o centroavante Dionísio forma pura raça. Dionísio empatou, valeu o esforço.

Em desvantagem numérica o Flamengo empata ...
Alguns jornais da época comentaram que a atitude do arqueiro do Flamengo teria sido suspeita. Teria ele provovado a expulsão ?
novamente , Fio e Arilson comemoram com Dionísio.
O Fluminense com a superioridade numérica e, muito bem articulado pelo técnico Telê Santana, acabou vencendo o adversário, tendo Flávio ainda marcado mais um gol para o Flu, na inesquecível vitória tricolor por 3 x 2.
Cláudio Garcia mostra no rosto a tensão do jogo.
Alguns fatos relevantes merecem ser relembrados quando nos reportamos ao campeonato de 69.O gol inédito feito pelo goleiro Valdir, do Vasco da Gama , contra sua própria equipe. O arqueiro cruzmaltino, ao tentar repor a bola em jogo, após uma defesa, escorregou e, bisonhamente, arremessou a bola para o fundo de sua meta, marcando a favor do Bangu.
  O massagista Santana atende a Lulinha. 
O Fluminense através de grande manobra jurídica conseguiu escalar o centroavante Flávio, que estava automaticamente suspenso, através de uma liminar concedida pelo juiz da 2ª Vara Federal. O tricolor alegava: como o jogador poderia estar suspenso, se não teve direito a julgamento e nem a defesa ?
O grande Flávio ( O Minuano ), acabou jogando contra o América e fez o gol da vitória do Fluminense. O Flamengo que vinha há 2 anos num jejum de vitórias sobre o alvinegro, no dia 1 de junho, conseguiu quebrar o tabú. 
O massagista Santana, Denílson e Marco Antônio.
A torcida rubro-negra, que reclamava ter seu time chamado de urubu, a partir desse dia, assumiu a paternidade do símbolo tendo, inclusive, soltado um animal vivo em pleno Maracanã e que deu vários vôos no interior do Estádio. Mais um símbolo surgia no futebol carioca.
O Flamengo luta desesperadamente, e o
Fluminense resiste, aqui Félix faz uma...
grande defesa, Doval chega e não tem rebote.

FLUMINENSE (RJ) 3 X 2 FLAMENGO (RJ)


Data: 15/06/1969 ( segunda feira )

Local: Estádio do Maracanã / Rio de Janeiro

Árbitro: Armando Marques

Público: 171 mil torcedores

Cartão vermelho: Dominguez ( Flamengo )

Gols: Wilton 11, Liminha 35, Cláudio Garcia 40/1º, Dionísio 15/ e Flávio 34/2º

FLUMINENSE: Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Denílson e Lulinha (Samarone); Wilton, Flávio, Cláudio Garcia e Lula (Gílson Nunes).

FLAMENGO: Dominguez, Murilo, Onça, Guilherme e Paulo Henrique; Liminha a Rodrigues Neto; Doval, Fio, Dionísio e Arílson (Sidnei).


Assis disputa com Rodrigues Neto.

Paulo Henrique tenta bloquear Flàvio, Liminha acompanha de perto, foi o tiro de misericódia.


Sidney de joelhos vê Flávio partir para a galera vibrando com seu gol.


Bola na rede, lula procura Flávio, Murilo e Onça com as mãos nas cadeiras procuram uma explicação.
O artilheiro Flávio marca o terceiro gol e ...

recebe os abraços dos companheiros, mais...


uma vez o Fluminense estava na frente, Murilo e Onça se abatem...


... um olha para o outro e outro procura pelo erro.

Murilo e Onça se consolam, o Fluminense está na frente.

Fim de jogo, os tricolores saem em direção a sua torcida para comemorar.

Samarone é carregado pelo torcedor...


 ... ,ergue os braços em alegria.

Oliveira e Samarone comemoram.

Wilton, Samarone e Denílson.

Telê Santana festeja o título.

Samarone e seus companheiros festeja no gramado.

Telê ovacionado, é carregado pela torcida tricolor.

A torcida invade o gramado é festa !

Wilton é abraçado por Paulo Henrique.


O zagueiro Galhardo não conteve as lágrimas e se entregou a emoção.


 Caricatura feita em homenagem ao herói do jogo.


 





FONTES DAS IMAGENS

- Jornal do Brasil
-Jornal O Globo
-Jornal O Jornal (RJ)
- Fotofilme do canal 100 (you tube)
-Revista O Cruzeiro (Diários associados)


FONTES DOS TEXTOS

- CHEGA DE HUMILDADE foi extraído do jornal O GLOBO de 16 de junho de 1969, escrito pelo grande jornalista e dramaturgo NELSON RODRIGUES.
- Flumania.com.br
Professor : Eudo Robson
Jornal O Globo

2 comentários:

  1. Só uma observação, poderia ter postado a foto do Flamengo no dia desse jogo, ao invés de repetir a do Fluminense. E o goleiro que sofreu o gol do Flavio, foi o Sidnei, não o Dominguez que havia sido expulso.

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  2. Você tem os áudios dessa final ? Para muitos foi o Fla x Flu mais esperado, emocionante e tenso de todos os tempos.

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